Por Reescritas
   
As biografias estão entre os assuntos mais discutidos nos meios de comunicação e nas redes sociais. A celeuma se refere, principalmente, ao direito de o biógrafo invadir profundamente a vida do biografado e publicá-la em livros.
   Nas últimas semanas, o debate se intensificou com a manifestação do Grupo Procure Saber, que reúne a nata da MPB (Caetano Veloso, Chico Buarque, Erasmo Carlos, Gilberto Gil, Milton Nascimento e Roberto Carlos). A associação se manifestou totalmente contra a biografias não autorizadas. Um vídeo postado pelo Procure Saber no You Tube, no início desta semana, no entanto, mostrou mais flexibilidade na opinião dos associados. Agora, eles admitem que não seja possível fazer nenhum tipo de censura prévia com relação às biografias e confiam no Judiciário para resolver possíveis controvérsias.
  É mesmo inconcebível que este grupo de geniais cantores e compositores, que já lutou contra o autoritarismo e a favor da ampla democracia brasileira, defenda qualquer possibilidade de censura prévia. É bom também que eles se proponham sempre a reciclar opiniões.
  Referindo-se a sensatas opiniões sobre este tema, como lembra o site Comuniquese, durante entrevista ao jornal da Globo News, de ontem (30 de outubro), o escritor e colunista do jornal Folha de São Paulo Ruy Castro contribuiu, brilhantemente, para o debate acerca das biografias.
 
Ele disse que o escritor está sendo comparado a um bando de fofoqueiros, picaretas e bisbilhoteiros e a classe dos biógrafos merece mais respeito. “A biografia é um gênero de muita seriedade. Um escritor pode passar até cinco anos, como no meu caso, atrás de informações e fontes. A biografia é uma maneira de contar a história de um país por meio das pessoas que fazem parte dela.” Ruy Castro escreveu as biografias do dramaturgo Nelson Rodrigues (O anjo pornográfico), da cantora Carmem Miranda (Carmem – uma biografia) e do ídolo do futebol brasileiro Garrincha (Estrela solitária).

   A discussão deve se arrastar por mais tempo, mas o que não se pode admitir é que haja biografias chapas-brancas. Ou seja, que só sejam publicadas apenas informações autorizadas pelos biografados e pelos seus familiares.